VIDA DE LEITOR

          Infelizmente, na minha infância pobre, livro era coisa de rico. Hoje, tirando o atraso, "leio qualquer coisa que chegue às minhas mãos, de bula de remédio a dicionário, é uma mania". Se ouço falar sobre um livro, procuro o exemplar numa biblioteca ou no Google-books. Procuro não comprar livro porque não considero que a compra seja a garantia de leitura - e também pela infância carente! "Não me guio pela lista dos mais vendidos."

          Aos 11 anos, li meu primeiro livro, emprestado da biblioteca da cidade: A ilha perdida, e foi uma experiência enriquecedora que me estimulou a continuar lendo. 

          Aos 15 anos, numa tarde, encontrei um livro embaixo do colchão, na cama da minha irmã, intitulado Vencida pela carne. Li o livro todo e achei muito interessante que, uma mulher depois de aventuras amorosas, resolvesse, em promessa, entregar-se ao celibato. Uma amiga dela tentou o suicídio após descobrir a traição do marido e a moça, causadora da traição, sentindo-se culpada, prometeu que se a amiga sobrevivesse, jamais cederia, novamente, às tentações da carne. A amiga sobreviveu e a moça foi viver num convento, preocupada somente em ajudar o próximo.  Meu pai, que trabalhava viajando pelas cidades do interior de São Paulo, chegou em casa de repente, mais cedo do que o esperado e viu que eu lia aquele livro com uma capa, que ele considerava, erótica. Ficou muito bravo, brigou comigo, com a minha mãe porque achava que eu “lia pornografia”. Foi um susto! Ele nem quis saber sobre a história no livro! Então, entendi que “não podemos julgar o livro pela capa”.                                                                       "Não saberia explicar a razão pela qual alguns me impressionaram mais". A leitura possibilita, ao leitor, apropriar-se da magia da história, dos personagens, viajar para lugares distantes, ajuda a concentração, "acalma e alimenta o espírito", além de nos tornar capazes de argumentar, numa conversa, na roda de amigos.